sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - Velho só


Dedico ao meu avô, que tentou e continua tentando
salvar o seu amor.

Sou do roçado, admirador do cangaço.
Mas não me pergunte o que é cangaço!
Sou homem macho! Bicho do mato!
Como farinha, milho e feijão!
Fui eu que plantei e colhi meu irmão!

Conheci a Maria Luiza, neste sertão da alegria
do jeito que todo Homi do sertão fantasia.

Fiz uns dez menino nela, desculpa a ignorância.
Perdi várias cria.
Perdi também o saber de contar.

Vi a necessidade de ir para a cidade,
esses meninos precisam estudar ué.
Olha o Assis! Eita menino feliz!

Olha cá! Vou pular! Vou pra parte infeliz...
Os anos passaram, tô velho!
Todas as crias estão casadas, alguns felizes.

Vou voltar pra minha terra, se saber que um dia
levarão a minha velha.

Urra, vou pula um certo tempo de novo...

Pulei? Pulei!
Então, hoje tô só!
Levaram a minha velha, falaram que vão cuidar dela
- dizem que ela tá caduca, meu deus! -
Esqueceram que não terei mais ela,
Sou velho, mas sei amar!
Sozinho estou, velho só.

E para não endoidar, a primeira estrofe do meu dito farei,
irei repetir.
Estou de volta ao lugar onde nasci.
Toma!

Sou do roçado, admirador do cangaço.
Mas não me pergunte o que é cangaço!
Sou homem macho! Bicho do mato!
Como farinha, milho e feijão!
Fui eu que plantei e colhi meu irmão!


(Ronaldo Lustosa)






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