quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - O fracasso das 97 teses


Tentativa de explicação do fracasso de um texto não publicado.
(Alvo central, DasIdeia Tobias Fernandes)

Eis um dia em que o mundo acabou pelo menos momentaneamente. Foi o que aconteceu com o simples escritor disso aqui. Sentimentos bons de mau e maus de bom. Finita confusão! Foi o necessário para dilatar a veia para o direito de entrada e saída de confusão mental desnecessária aos olhos afora, mas necessário ao corpo adentro, tudo isso devido a sentimentos antes úteis agora com tom de inútil em cadeia temporal.
Dentro de tanto descontrole emocional - somente com caneta e papel na mão - começou a escrever então. Diante de fome, lágrimas, raiva de si, escreveu um texto voltado a isso então, começou a escrever de forma acelerada (sem pausar/parar) de forma enumerada, toda angustia, culpa, vergonha e seus demais erros, não só cometidos para  si mesmo, mas cometido contra pessoas inocentes sentimentalmente (onde destaca-se a ex amada do autor como vítima central).
De tanto enumerar cansou o punho de tanto escrever, de chorar e sofrer. Três páginas foram enumeradas, pondo por último o título de "As 97 teses para não continuar com você" para aquelas páginas borradas de lágrimas e manchada com as digitais desonradas. 

As 97 teses para não continuar com você nunca foi publicada. Foi jogada numa cesta de lixo e coletada com sucesso pela empresa coletora de lixo. Para o escritor, todos aqueles erros cruéis merecem ir embora ao vento.
Não para o seu bem, mas para o bem de quem ele chegou a ferir (e continua ferindo). Escrevendo então, os sofrimentos permanecerão (em caso de publicação).  


(Ronaldo Lustosa)






quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - Carnal sentimental


A conexão carnal sentimental era esquisita.
Relâmpago! Gerou até espanto! 
Fizeram casinha nos braços um do outro,
casinha por fora, mansão por dentro
escuro adentro mas sem tormento.
O toque das quatro partes dos lábios eram inevitáveis.
Chegaram a falar que não queriam,
Mesmo sabendo que depois se devorariam.
O toque labial aconteceu!
Culpados certeiros endiabrados, na mansão dos braços alados.
Fogos de artifícios iluminaram a mansão, rolou o beijo desde então.
Ficaram ali sem saberem que já chegaram a se envolver
- conexão concluída com sucesso em nível encubado -
Se morderam ao se despedirem.
Um (ele) recebeu fortemente o amasso dos dentes no braço esquerdo,
marcando-o eternamente.
O outro (ela) ficou com o sabor da carne amável em sua boca.
A conexão foi carnal sentimental. Daí um não vive mais sem o outro.

(Ronaldo Lustosa)









segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - Casal versus ondas


Corremos aos pés do mar, corremos a nos beijar,
o frio do mar nos arrepiou, foi ali que pulamos de amor.
Este foi o primeiro toque do mar com seu frio de arrebentar,
uma pequena onda a nos desafiar, com pulos de amor chegamos a ganhar.

Ponto para o casal! 
A quentura do amor venceu o frio desafiador do mar.
Vamos então adentrar! 

As ondas chegou a nos derrubar,
ao tentarmos nos "beijaramar"
Mas fomos mais fortes, a cada queda levantamos a nos amar.

O casal venceu até as fortes ondas, isso que é amar.

(Ronaldo Lustosa)







Abduzido


"Quando fala assim me balanço na cama que nem um doido querendo ser abduzido por algo misterioso e ser lançado a ti. Lançado com tanta força que minha testa bate na tua e ficamos tontos, mas nos amamos mesmo assim, sobre tonturas de amor"

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - Rua Marajó S/N



Pequena parcela do bairro Serrinha,
território dos que muitos denominaram "rampa"
lugar onde todos os dias da semana nasce com um tom sensacional dominical. 
Tanta gente imoral (risos).
Os homens presentes ali são doutores da vida boêmia, donos da verdade.
Ah, seres deterministas!
Um deles se exalta ao saber - e se amostra, óia - que a capital do Equador é Quito,
ainda completa dizendo que nunca mudou, é sempre Quito.
Outro cantarola todos os dias ao som de Alípio Martins, todos os dias bem cedinho.
Pode vir conferir! 

Nas segundas, terças, quartas e quintas, discutem sobre jogos de futebol, chifres, e demais prazeres "bairral" 
(e tome dose!)
Na sexta, tome cachiblema! [cachiblema = cachaça, chifre e problema]
(e tome dose!)
Aos sábados e domingos, bebem ao festejar a vitória do respectivo time de futebol. 
Bebem também para festejar a derrota do time rival, neste bebem até com mais gosto pois caçoam de seus amigos de time inverso.
Ou terminam o domingo - bebendo - tristes pela derrota, pelo dia posterior.
Mas levantam e ficam felizes, por saberem que semana que vem tem mais.
(e tome dose!)


(Ronaldo Lustosa)






quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - Relato de um dorminhoco


Quando estou dormindo não existe nada no meu caminho. Posso tudo até o momento de ser despertado por consequências do mundo real. Quando estou dormindo, estou sempre sonhando e quando estou sonhando estarei sempre aprontando. Lá eu posso amar, correr, viajar, voar. Aqui não! Neste mundo real fatal quase tudo é complicado, fora que muitas ações desejadas na maioria das vezes tornam-se utópicas. 

Me flagro imaginando o inverso dessas oposições (real para com imaginária). Do sonho ser e ter ocorrência geral da realidade e o mundo real ter cem por cento das fantasias do mundo dos sonhos.

Certa vez fui voando - ao estilo Superman - para o Oriente. Voltei um dia depois nadando sem parar em direção ao Ocidente. Confesso que voei como um Superman e nadei como um Aquaman. Ah sonho!
Outra vez - desta vez acordado - fui ao colégio em um ônibus chamado Expedicionários. Sem a grana da passagem de volta, voltei andando sem parar até chegar. Ah realidade!

Sonhar, sonhar...
Não adianta, não tenho escolha.
Voltando a estaca zero, terei que sonhar e realizar (tentar).


(Ronaldo Lustosa)






domingo, 5 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - Psicodélico


Começo desesperadamente exagerado com a pressa de te contar algo já descoberto antes não praticado e agora praticado falando assim mesmo sem vírgulas ou pontos de qualquer natureza pontual continuando assim para parecer rápido e claro no que quero elucidar para todos, cansei, tive que colocar pontos até aqui.

Continuo desesperadamente sem acentuar querendo apenas explicar que eu me quero na melhor forma de viver, viver, o quê mesmo? Putz, cansei na primeira estrofe, tenho que parar e novamente tentar. Na próxima irei acentuar para não errar. 

Ufa, um, dois, três, vamos lá!

Tento novamente desesperadamente com pressa de contar e desta vez irei pontuar/acentuar. Quero viver, amar e obter prazeres. Enlouquecer até antes de morrer. Conhecer o vício, o amor, o ódio, orgulho, sentir o inverso da compaixão. Arrepender-me ao fracassar, levantar depois de cair. Roubar e devolver sendo a qualquer preço. Matar, roubar e destruir pedindo perdão após assumir. Tatuar o corpo limpo e em seguida tentar apagar com borracha. Realizar a tentativa frustante de suicídio com socos no próprio braço (esquerdo), mas claro, sem sucesso.

Termino sem saber o que disse, o que pensei e o que escrevi. Se não entendeu tento escrever de novo mas não será da mesma forma que descrevi. 

Se quiser repito, quer que eu repita? Eu repito!

Ei, vou ter que parar, agora escuto o som de the police na mais bela forma no qual sei cantarolar 
de do do do da da da


(Ronaldo Lustosa)








sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Escrevo(eu) - Velho só


Dedico ao meu avô, que tentou e continua tentando
salvar o seu amor.

Sou do roçado, admirador do cangaço.
Mas não me pergunte o que é cangaço!
Sou homem macho! Bicho do mato!
Como farinha, milho e feijão!
Fui eu que plantei e colhi meu irmão!

Conheci a Maria Luiza, neste sertão da alegria
do jeito que todo Homi do sertão fantasia.

Fiz uns dez menino nela, desculpa a ignorância.
Perdi várias cria.
Perdi também o saber de contar.

Vi a necessidade de ir para a cidade,
esses meninos precisam estudar ué.
Olha o Assis! Eita menino feliz!

Olha cá! Vou pular! Vou pra parte infeliz...
Os anos passaram, tô velho!
Todas as crias estão casadas, alguns felizes.

Vou voltar pra minha terra, se saber que um dia
levarão a minha velha.

Urra, vou pula um certo tempo de novo...

Pulei? Pulei!
Então, hoje tô só!
Levaram a minha velha, falaram que vão cuidar dela
- dizem que ela tá caduca, meu deus! -
Esqueceram que não terei mais ela,
Sou velho, mas sei amar!
Sozinho estou, velho só.

E para não endoidar, a primeira estrofe do meu dito farei,
irei repetir.
Estou de volta ao lugar onde nasci.
Toma!

Sou do roçado, admirador do cangaço.
Mas não me pergunte o que é cangaço!
Sou homem macho! Bicho do mato!
Como farinha, milho e feijão!
Fui eu que plantei e colhi meu irmão!


(Ronaldo Lustosa)